Plano de saúde negou exame: o que fazer diante da negativa

Receber uma negativa de exame pelo plano de saúde pode gerar preocupação e insegurança, principalmente quando o procedimento é essencial para diagnóstico ou continuidade de tratamento.

Embora os contratos tenham cláusulas específicas, existem limites legais para o que pode ou não ser recusado. Saber o que fazer quando o plano de saúde negou exame é fundamental para proteger seus direitos e garantir acesso à saúde de forma adequada. Neste conteúdo, você vai entender em que situações é possível contestar a negativa, quais são os seus direitos e quais medidas tomar, inclusive judiciais, quando necessário.

Em que situações é possível processar?

Você pode processar o plano de saúde quando a negativa de exame viola direitos previstos em lei ou quando coloca em risco a sua saúde. Isso pode acontecer em diversas situações, como:

  • Exames solicitados por médico credenciado foram recusados sem justificativa plausível

  • O exame foi negado com base em prazos de carência já cumpridos

  • A justificativa da operadora foi genérica ou contradiz recomendações médicas

  • O exame é essencial para diagnóstico ou prevenção de agravamento do quadro de saúde

  • A recusa causou atraso no tratamento e agravamento da condição clínica

A recusa imotivada ou contrária ao entendimento dos tribunais pode configurar falha na prestação do serviço e justificar ação judicial com pedido de indenização e cobertura do procedimento.

Quais os motivos mais comuns de negativa de exame?

É comum que os planos de saúde recusem exames com base em argumentos padronizados, nem sempre legais ou justificáveis. Os principais motivos alegados são:

  • Exame fora do rol da ANS (isso não é motivo para negativa!)

  • Exame solicitado por profissional fora da rede

  • Carência contratual ainda em curso

  • Pedido com falha no preenchimento ou ausência de relatório médico

  • Justificativas técnicas sem explicação ao paciente

É importante lembrar que o rol de procedimentos da ANS é considerado o mínimo obrigatório, mas a Justiça admite que outros exames podem ser exigidos, dependendo da necessidade médica.

O que fazer logo após receber a negativa?

Assim que o plano negar o exame, é importante agir rapidamente para garantir que a situação seja documentada. As primeiras medidas devem incluir:

  • Solicitar por escrito a justificativa da negativa

  • Guardar o relatório médico que indica a necessidade do exame

  • Salvar e imprimir e-mails, mensagens ou protocolos da operadora

  • Registrar uma reclamação na ANS ou Procon, se for o caso

  • Procurar orientação jurídica, se houver urgência ou recusa persistente

Essas ações formam a base de qualquer medida administrativa ou judicial futura.

Quais documentos são necessários para contestar a recusa?

Para contestar a negativa, seja por vias administrativas ou judiciais, é essencial reunir um conjunto de documentos que comprove a indicação médica e a recusa do plano. Os principais são:

  • Pedido médico com indicação clara do exame

  • Justificativa escrita da negativa, se houver

  • Cópia do contrato ou carteirinha do plano

  • Comprovante de pagamento da mensalidade

  • Registro de reclamações feitas (protocolo, e-mails, print de aplicativos)

Quanto mais completa for a documentação, maiores são as chances de sucesso no pedido de cobertura ou em eventual ação judicial.

Como registrar reclamação nos canais oficiais?

Antes de entrar com ação, você pode tentar resolver a questão por meio de canais administrativos. Os principais são:

  • Reclamação na ANS

  • Plataformas como Consumidor.gov.br

  • Ouvidoria da própria operadora

Essas ferramentas pressionam a operadora e, em muitos casos, levam à reversão da decisão sem necessidade de judicialização.

Quando procurar um advogado?

O apoio jurídico é indicado principalmente quando:

  • O exame é urgente e a negativa compromete a saúde do paciente

  • Já foram feitas tentativas de resolução e não houve retorno satisfatório

  • A operadora não apresenta justificativa técnica ou legal para a recusa

  • Há risco de agravamento da condição de saúde ou continuidade de tratamento

Nessas situações, o advogado poderá ingressar com ação com pedido de urgência para garantir a realização imediata do exame.

O que esperar de um processo judicial?

O processo judicial pode ser iniciado com um pedido de liminar, ou seja, uma decisão rápida que obrigue o plano a autorizar o exame antes do julgamento final. 

Normalmente, o juiz analisa:

  • A urgência e a gravidade do caso

  • A prescrição médica

  • A negativa da operadora

  • A presença de documentação adequada

Se a liminar for concedida, o exame poderá ser realizado de imediato, e o restante do processo segue para julgamento de eventuais danos causados.

Como evitar novas negativas?

Algumas medidas podem reduzir as chances de enfrentar recusas futuras:

  • Verificar se os pedidos médicos estão completos e claros

  • Pedir que o médico justifique detalhadamente a necessidade do exame

  • Consultar previamente se o procedimento está na rede autorizada

  • Manter registros de todas as comunicações com a operadora

  • Ficar atento a alterações no contrato e na cobertura assistencial

A prevenção, aliada ao conhecimento dos seus direitos, é essencial para lidar com operadoras que tentam limitar coberturas indevidamente.

Conclusão

Quando um plano de saúde negou exame, o beneficiário não precisa aceitar a decisão passivamente. A recusa pode ser contestada com base em documentos, recomendações médicas e direitos previstos em lei. Caso a operadora não resolva o problema pelos canais oficiais, é possível acionar a Justiça com o apoio de um advogado especializado. Com informações claras e organização, o paciente tem boas chances de garantir o exame necessário e proteger sua saúde.

 

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